quarta-feira, 21 de junho de 2017

Morre Cid Linhares, projecionista dos cinemas de rua de Curitiba...


Morre Cid Linhares, projecionista dos cinemas de rua de Curitiba nos últimos 50 anos

Projecionista era funcionário da Fundação Cultural desde 1987 e era o profissional mais antigo da cidade na arte de projetar filmes.

Para o projecionista de cinema Cid Linhares, o segredo para bem exercer seu ofício era, em primeiro lugar, gostar de cinema. Depois, segundo ele, um bom projecionista precisava ter a consciência de que “acabaram os sábados, domingos, feriados, dias santos e festas”.

 “Tem um aniversário marcado você não pode ir. Um casamento você não pode ir. Um operador de cinema não pode falhar em seu compromisso que é exibir o filme no horário certo”, disse Linhares para uma plateia de jovens operadores há cinco anos na Cinemateca de Curitiba.

Cid Linhares foi enterrado nesta quarta-feira (3). após dedicar 50 dos seus 64 anos de vida a profissão de projecionista de cinema. Em sua carreira, atuou em quase todos os cinemas de rua da cidade. Era servidor da Fundação Cultural de Curitiba e projecionista da Cinemateca desde o dia 5 de outubro de 1987.

Numa entrevista à Gazeta do Povo publicada em 2012, Linhares se orgulhava de nunca ter danificado um só rolo de filme. “Os filmes eram muito fracos e pegavam fogo”. Segundo ele, o ritual da projeção era simples. “Cada filme vem em cerca de cinco rolos de película fotográfica. É o operador que monta e revisa todas as produções antes de colocar no projetor e passar para o público”.

Por suas mãos passaram as projeções de clássicos do cinema, como Ben-Hur, e sucessos de bilheteria, como Ghost. O primeiro é um de seus filmes preferidos, junto com outros épicos, como Os Dez Mandamentos e O Rei dos Reis. Já o blockbuster... “Foi um saco. Ghost ficou um ano e meio passando. Eu não aguentava mais”.

Na época, ele também lamentava a lei a recém promulgada lei antifumo que o privava de um dos companheiros de solidão da sala de projeções. “Quem trabalha aqui é um solitário. Os melhores amigos do projecionista eram o café e o cigarro”.

Como projecionista, Linhares rodou o Brasil e testemunhou a transformação cultural no hábito de frequentar salas de cinema. “A coisa mais gostosa do meu tempo de cinema era ver a pessoa ter reação, sentir o cheiro de cinema. Hoje não existe mais. Está se perdendo a essência”, diz...

Texto reproduzido do site: gazetadopovo.com.br

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