quarta-feira, 28 de junho de 2017

Conheça histórias de funcionários antigos do Cine Teatro Apollo

Operador de filmagem Heleno Barbosa de Lima em outubro de 1985.
Foto: Arquivo/ Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho.

 Armando Filho, um dos antigos funcionários do Cine Teatro Apollo.

Heleno Barbosa de Lima trabalhou como operador de filmagem
 no Cine Teatro Apollo a partir da década de 60.

Marquinhos Cabral, atual administrador do Cine Teatro Apollo.
Fotos: Paula Cavalcante/G1.

Publicado originalmente no site G1 Caruaru, em 06/12/2014.

Conheça histórias de funcionários antigos do Cine Teatro Apollo.

Espaço é o mais antigo do interior de PE e celebra centenário neste sábado.
Um dos funcionários buscava os filmes e ingressos na capital do estado.

Por Paula Cavalcante.
Do G1 Caruaru, em Palmares.

"Se tinha algo errado nas exibições, sobrava pra mim" (risos). A fala é do aposentado Heleno Barbosa de Lima, 82 anos, que trabalhava como operador de filmagem no Cine Teatro Apollo. Ele começou os serviços no estabelecimento na década de 1960 e diz que, quando tinha algum problema, as pessoas o xingavam. "Me chamavam de juiz de futebol", brinca. Heleno conta que as máquinas antigas eram fáceis de manusear, embora exigessem bastante atenção. "Tinha a prática de trabalhar, né?"

O idoso lembra-se ainda dos filmes mais procurados da época. "Havia o de Tarzan, que eu gostava demais. Faroeste. Tinha os seriados que passavam sexta e sábado. Cada um vinha com 15 capítulos, cada semana passavam dois. Passava o filme e depois os seriados. Tinha uns filmes muito bons que passava muito, como 'O Gordo e o Magro'. Tinha os espetáculos de teatro também", recorda. Mesmo passando muito tempo no Cine Teatro, o antigo operador de filmagem diz que não dava para assistir aos filmes por completo, por conta da função que exercia.

Segundo ele, no início da década de 1980 os proprietários do estabelecimento quiseram vender o imóvel. "Os donos chegaram a encontrar comprador, para fazer do cinema um supermercado. Aí Portela, o prefeito da época, disse: 'Não, para derrubar o Apollo não'. Ele pediu um tempo para se organizar e comprou. Comprou e ficou para o município. E transformou em Casa de Cultura". Para a atual geração, ele deixa uma mensagem: "Que não deixe cair, continue. Aquilo ali é a história de Palmares".

Outro antigo funcionário conhecido na cidade é o aposentado Sirleno Pereira Ramos, 77 anos. Por telefone, ele contou ao G1 que começou a trabalhar em 1952, aos 15 anos, vendendo confeitos dentro do Cine Teatro Apollo. "Depois, passei para os serviços gerais. Saí aos 18 anos para servir ao Exército e voltei após 14 meses. Também trabalhei na bilheteria, como porteiro, e até como operador de filmagem. Ali, foi a segunda casa. Tempo bom. Vivia mais lá do que com a família".

Sirleno também buscava os rolos de filme em um tipo de locadora no Recife. "Eu levava o filme da semana e ia buscar um novo. Ia de ônibus e carregava na cabeça mesmo. Dependendo do filme, pesava de 50kg a 60kg. Na capital, eu pegava um táxi e ia até o lugar", destaca. Além das duas horas ou três horas de projeção, o antigo funcionário também era quem pegava o carvão vegetal para a máquina de projeção e o talão com mil ingressos.

Mensageiro.

Armando Filho, 46 anos, começou a trabalhar desde os 18 anos como mensageiro do Cine Teatro Apollo, em 1986. Ele entregava convites, cartazes e outros documentos relacionados ao espaço, e também exerceu a função de bilheteiro. "O trabalho era de quinta à terça-feira à noite. Na quarta-feira, a gente fechava e Sirleno ia buscar os materiais no Recife". Segundo Armando, um momento que marcou foi a exibição do filme "Dio, Come Ti Amo", dirigido por Miguel Iglesias. "Tinha muita gente para entrar e só eu como bilheteiro para atender ao pessoal tudinho, né? Para vender o ingresso e despachar, passar troco".

Atualmente, ele trabalha na Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho e cuida do arcevo do histórico do município. De acordo com Armando, muitos registros do Cine Teatro Apollo se perderam com as enchentes de 2000, 2010 e 2011. Ainda assim, é possível encontrar na fundação as fitas VHS que eram exibidas na década de 1990 e uma das máquinas de projeção, além de fotografias e documentos arquivados.

Atual administrador, Marquinhos Cabral conta um pouco sobre como é serviço atualmente lá. "Eu trabalho tomando conta do teatro. Faço toda a manutenção, cuido da parte técnica. Entrei em abril de 2013 para manuntenção e fiquei aqui por dois motivos: pela importância que ele tem para mim e para a minha cidade. E, depois, porque eu realmente sou apaixonado por tudo isso". Realizado pelo trabalho, resume o significado do teatro em uma simples frase: "o Teatro Cine Apollo é não somente o centro da Cultura, mas o templo em si".

Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/pe

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