domingo, 25 de janeiro de 2015

Desde sempre conhecida como "filme", a película 35mm dá adeus


Película 35mm.

Desde sempre conhecida como "filme", a película 35mm dá adeus.
Texto: Giselle Beiguelman

O filme inaugurou o tempo da arte industrial, globalizada. Sua morte marca um novo momento da história das imagens

Nascida no fim do século 19, a película foi emblema do arrojo de um novo tempo em que a arte ousava ser industrial, coletiva, globalizada e feita para as multidões. Andrógina, multissexuada e hermafrodita, a película foi desde sempre conhecida como filme.

Consolidação do encontro de avanços científicos com a Revolução Industrial, foi, como todas as grandes invenções da época, filha de muitos pais, mas acabou diretamente ligada àquele que melhor soube instrumentalizá-la comercialmente, George Eastman, fundador da Kodak, empresa que se confundiu com a história das imagens do século 20. Das linhas de montagem da Kodak saíram também as primeiras câmeras digitais, paradoxalmente, as traíras que levaram a empresa à falência e à morte de seu símbolo principal: a película (foto e cinematográfica).

Até 2013, a película de 35 mm deve estar extinta nas salas comerciais dos EUA. Hoje, 60% das salas da França, nação cinéfila por excelência, são digitais. Dinamarca e Hong Kong já desterraram seus últimos projetores analógicos. No mundo todo, as últimas salas comerciais com projetores analógicos devem dar seu último suspiro até 2015. Mas isso está longe de indicar a morte do cinema. Como escreveu o poeta Vinicius de Morais, homenageando o mestre do cinema soviético Sergei Eisenstein:

O cinema é infinito – não se mede.
Não tem passado nem futuro.
Cada imagem só existe interligada
À que a antecedeu e à que a sucede.
  
O cinema é a presciente antevisão
Na sucessão de imagens. O cinema
É o que não se vê, é o que não é
Mas resulta: a indizível dimensão.

Texto e foto reproduzidos do site: select.art.br

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