quarta-feira, 2 de abril de 2014

Muito Além da Sala de Cinema








Fotos: Hamilton Pavam.

Magia.

Publicado originalmente no site diarioweb.com.br, em 30 de Junho, 2013.

Muito além da sala de cinema
Por Raul Marques  

Na hora marcada, as luzes se apagam. Som e imagem invadem a sala de cinema e criam atmosfera que transporta o público para ambientes que envolvem magia, aventura, romance ou drama. Tudo deve ocorrer de forma programada e sincronizada. Pouca gente percebe, mas essa grande mágica, que tanto encanta os apaixonados pela sétima arte, torna-se possível graças à intervenção direta de um profissional: o operador cinematográfico. Sua presença só é notada por quem está na frente da tela quando acontece ruído ou erro claro no processo. Isso, no entanto, é raro.

A primeira missão do profissional que trabalha no Cinemais, em Rio Preto, é “escalar” uma longa escada, com 45 graus, para chegar ao secreto, escuro e extenso QG, onde fica o comando das sete salas. Cinco funcionam em sistema que usa projetores para exibição de 35 milímetros e duas são digitais (3D).

Por turno, dois operadores comandam a exibição de sete longas metragens quase ao mesmo tempo. A diferença para apresentação de uma película para outra é de apenas dez minutos. Assim, é necessário manter os olhos na aparelhagem e no relógio. Por dia, são apresentados 27 filmes, cada um com 1h30 de duração média.

De forma continuada, é verificado se está em ordem o conjunto de equipamento que faz cada sala um lugar único para essa arte. Imagem, som, iluminação e ar condicionado têm importância parecida e, com maior ou menor papel, colaboram para o espetáculo. Antes da exibição, no entanto, um longo caminho é percorrido. Os filmes de 35 milímetros são trazidos normalmente de São Paulo por uma transportadora. Os rolos são entregues poucos dias antes do filme entrar em cartaz. Chegam separados entre quatro e dez partes, depende do tempo de duração.

Começa, então, o processo de montagem. A sequência cinematográfica é colocada em ordem. Uma série de trailers é incluída. Essas partes são coladas. As emendas não são percebidas pelo público. A parte técnica também é ajustada. Quando tudo está pronto, o rolo é colocado em uma espécie de aro gigante de bicicleta. Com tudo pronto, é hora de ligar a aparelhagem e deixar a projeção tomar conta da tela. A lente do projetor é ajustada para a imagem ocupar a tela por igual. No equipamento digital, tudo é mais rápido e prático por um simples motivo: a montagem é feita no computador.

O filme de 35 milímetros exala poesia e tem som que remete ao período clássico do cinema. Na sala, porém, ninguém escuta esse áudio, que lembra uma bicicleta em alta velocidade. O outro som do lugar, só para constar, nada vale. É o ar condicionado. Os operadores contam com uma janelinha em cada sala para verificar se o som apresenta a qualidade adequada e o ar funciona perfeitamente. Mas ela só pode ser aberta com parcimônia - para o ambiente do QG não atrapalhar. Se algum casal se empolga e extrapola o limite do aceitável, é acionada a fiscalização na porta da sala.

A fita usada nas emendas do rolo de filme pode esquentar e romper. Muitas vezes, o problema é solucionado sem ninguém perceber. Aí, entra em campo a experiência. O trabalho não acaba com o final do filme. É necessário voltar o rolo para o início. O processo demora seis minutos. O silêncio dura quase nada. Rapidamente, é necessário aprontar tudo para a próxima sessão. Até o final do expediente, tem muita luz, equipamentos e ação para administrar.

Em 2015 todas serão digitais

A tendência é que até 2015 a maioria das salas de cinema do Brasil substitua os projetores de 35 milímetros por modernos aparelhos digitais. As principais vantagens: aumenta a qualidade da imagem e do próprio som e não existe mais os pequenos filme e, portanto, é eliminado esse processo de montagem.

É só colocar o arquivo na máquina e apertar o play. Outra possibilidade que a modernidade vai oferecer é o recebimento de filmes por satélite. A tecnologia já existe e é usada em Rio Preto. Uma importante partida de futebol disputada na Europa foi transmitida em tempo real na sala de cinema e chamou a atenção dos torcedores. Funciona assim: as informações são recebidas por uma antena, que as repassa a um decodificador. Esse aparelho transforma os dados em imagem 3D. É só ligar o projetor e iniciar a sessão.

Fotos e texto reproduzidos do site: diarioweb.com.br

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